MEIOS DE PAGAMENTO - Interoperabilidade, comunicação e inadimplência são desafios do free flow - ANATC - Associação Nacional das Empresas de Transporte de Cargas

MEIOS DE PAGAMENTO – Interoperabilidade, comunicação e inadimplência são desafios do free flow

Meio de cobrança que gradativamente tende a substituir as praças de pedágio em rodovias, os pórticos de free flow no Brasil foram tema de dois painéis no evento Rodovias do Futuro. Os três principais desafios apontam dos pelos painelistas foram interoperabilidade – isto é, a cobrança unificada para o usuário, por meio da integração de sistemas de diferentes concessionárias –, comunicação eficiente com os usuários e redução da inadimplência. “Precisamos mostrar às pessoas como funciona (o free flow), mas vejo um futuro de tarifações diferentes e meios de pagamento diferentes”, iniciou o debate Raquel Carneiro, diretora Econômico-Financeira da CPP (Companhia Pau lista de Parcerias), que moderou o painel “Do dinheiro ao digital: os novos horizontes dos meios de pagamento de pedágio”.

O desconhecimento da ferramenta, recente no país e presente, atualmente, em 13 pórticos de quatro estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul), acaba muitas vezes gerando o não pagamento da tarifa. É a avaliação de Carlos Gaza ffi, presidente do Sem Parar.]

No free flow, inadimplência tal vez não seja a palavra mais adequada, pois muita gente não sabe como paga. E em 80 a 90 por cento dos casos, as pessoas não sabem se passaram num radar de velocidade ou num pórtico de pedágio”, ponderou, para defender que se continue investindo na expansão das tags para pagamento automático. A solução de redução da inadimplência, que atualmente fica em cerca de 8% no Brasil, passa pela interoperabilidade.

Para Newton Ferrer, da Connect-Car, as operadoras de meios de pagamento que atuam no Brasil estão preparadas para se adaptarem a essa forma convergente de cobrança, que permite ao cliente transitar em rodovias pedagiadas diversas ou utilizar estacionamentos públicos pagos e ser cobrado em uma única fatura, sem ficar perdido quando usa um serviço novo. “Há uma disputa entre as empresas do setor para que um bom serviço seja prestado. O que temos de fazer, com as concessionárias, é tirar a insegurança do cliente”, afirmou. Ir além das rodovias foi um ponto também ressaltado pelo CEO da Veloe, André Turquetto, presidente da da Abepam (Associação Brasi leira das Empresas de Pagamento Automático de Mobilidade), bem como a fluidez e a segurança sistêmica do pagamento por tag, tanto para usuários quanto para concessionárias.

“Muito se fala em rodovias, mas não é o único uso dos meios de pagamento”

A integração ente modais é o futuro da mobilidade”, assegurou. Um exemplo foi dado por Gazaffi, que mencionou o fato de o Sem Parar usar a identificação pela placa do carro para pagamentos em postos de combustível e abertura de cancelas em estacionamentos de shoppings, por exemplo. “Nosso papel é ser a conta carro, centralizar despesas do motorista. Temos de combater a inadimplência de todas as formas, abrir crédito para pagamento antecipado, receber pagamento digital e outras soluções”, disse.

Meios de pagamento devem ser conveniência para o cliente

Na visão de Marcelo Santos, da Autopay, o cliente deve poder escolher dentre várias formas de pagamento na sua jornada de mobilidade, o que inclui se ali mentar, abastecer, e fazer manutenção do veículo em seu trajeto. Usou como exemplo uma parceria de sua empresa com a montadora Mercedez-Benz. “Antes de iniciar a viagem, o motorista insere a rota e recebe todas as informações sobre ela, como clima, tráfego e outros serviços.

Então, vemos que o futuro traz todo um portfólio de possibilidades, em que os métodos de pagamento estarão presentes nessa jornada, seja (o carro) tagueado ou não”, avaliou. Para que esse futuro ocorra, é necessária a regulamentação do pagamento avulso. Ferrer, da Connect-Car, chamou atenção para o tema. “A regulamentação deve colocar o cliente no centro, trazendo inovação, segurança e disponibilidade, de modo que ele possa escolher onde quer pagar e como. O papel do regulador é ajudar para que isso seja feito com segurança”.

Próximas etapas do free flow no Brasil

Dedicado exclusivamente a anlisar o futuro dos pórticos para pagamento de pedágios, o painel “Além da experimentação: as etapas seguintes do Free Flow no Brasil” levou ao palco representantes de empresas que atuam com a ferramenta. Mediado por Marcelo Fonseca, superintendente da Concessão da Infraestrutura da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), o debate iniciou com o relato de Cleber Chinelatto, gerente executivo de Soluções para Rodovias da Motiva, que relatou a experiência na rodovia Rio-Santos (Motiva Rio-SP), primeira a instalar pórticos de free flow no Brasil, em 2023.

Ele lembra que o contrato de concessão previa três praças de pedágio no trajeto concedido. Porém, trata-se de uma região repleta de encostas, frágil no aspecto ambiental, além de concentrar grande fluxo turístico e ser rota de fuga da usina nuclear de Angra dos Reis. “O free flow trazia soluções para tudo isso.

Foi uma ousadia nossa e da ANTT, que conseguiu providenciar o primeiro sandbox para colocar isso em funcionamento em rodovias”, resumiu Chinelatto, que afirma que a Motiva segue investindo em comunicação e meios para facilitar o pagamento para os usuários, de modo que eles não ultrapassem o prazo de 30 dias de prazo para quitar o débito de pedágio.

 As peculiaridades do sistema free flow no Brasil e os aspectos tecnológicos usados para aprimorar o modelo foram tema das apresentações de Antônio Carlos Miró, gerente de Operações de Pedágio da Kapsch no Brasil, e de Diego Hoffman, diretor de P&D e projetos na Fiscaltech. Já Pedro Miguel Lopes Pinto, diretor da portuguesa ascendi, relatou como o modelo funciona na Europa, onde já está consolidado e possui inadimplência média de 2%, além de interoperabilidade entre países da União Europeia.

Ele revelou, ainda, que Áustria e Alemanha já possuem tarifas relacionadas à emissão de CO2, dividida em cinco classes de veículos e baseadas em poluição gerada, congestionamento e sinistralidade. “O operador tem liberalidade contratual para isso. A legislação já está preparada”, contou

Fonseca resumiu o panorama da regulamentação do free flow no Brasil. “Estamos em um momento de amadurecimento, de assegurar a facilidade para que o usuário quite essas tarifas e de cuidar da recuperação dos valores não pagos. Estamos trabalhando na lapidação da regulamentação”, assegurou.

Tags: Agencia iNFRA

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