Deputado, como sua experiência como policial rodoviário federal influenciou sua atuação parlamentar em defesa do setor de transporte de cargas?
Como policial rodoviário federal, vivi de perto os desafios da estrada, tanto da segurança quanto da infraestrutura. Isso me deu uma compreensão real dos gargalos enfrentados pelos caminhoneiros e transportadoras. Levo essa vivência para dentro do Congresso com propostas que priorizam a redução da burocracia, mais segurança viária e condições justas de trabalho.
O senhor tem criticado os chamados “penduricalhos” sobre o frete. Que mudanças concretas o senhor propõe para simplificar e desburocratizar esse sistema?
O sistema de frete virou uma colcha de retalhos. São tantas exigências, taxas e documentos que o transportador perde mais tempo e dinheiro com papelada do que na estrada. Defendo a unificação de documentos, como o DTE, e a revisão de normas da ANTT, que hoje sufocam o autônomo. Menos regra, mais estrada.
O senhor tem defendido a ampliação da malha ferroviária. Como equilibrar investimentos em ferrovias e o fortalecimento do transporte rodoviário, com ênfase na integração entre os modais?
Um modal não exclui o outro. Defendo que ferrovias sejam estruturantes, especialmente para longas distâncias, mas o transporte rodoviário continuará sendo vital, principalmente no escoamento do agro. A palavra-chave é integração. Precisamos de políticas públicas que incentivem a interligação eficiente entre trilhos e estradas.
Quais são as principais demandas que o senhor tem ouvido dos caminhoneiros autônomos e transportadoras em Mato Grosso e outras regiões?
Os caminhoneiros pedem respeito, previsibilidade e justiça. Querem frete justo, menos impostos sobre diesel, segurança nas estradas e fim da burocracia absurda. As transportadoras pedem regras claras e estabilidade regulatória. O sentimento é o mesmo: estão trabalhando no limite, sem margem e servindo como muleta para o sistema de armazenamento capenga existente no Brasil.
Na sua visão, qual deve ser o papel do Congresso Nacional na construção de uma política de Estado para o transporte de cargas no Brasil?
O Congresso precisa sair do imediatismo e construir uma política de transporte de longo prazo, blindada de interesses ideológicos ou mudanças de governo. O setor de cargas exige previsibilidade, e isso só virá com marcos legais sólidos, incentivos a investimento privado e respeito ao transportador como pilar da economia, volto a destacar o déficit de armazéns que obriga o produto a encaminhar a safra para dentro dos caminhões tão logo termina a colheita, ocasionando caos nos terminais ferroviários e portos causando filas intermináveis e caminhoneiros passando as vezes uma semana para esperar a descarga.
O senhor acredita que a digitalização e o uso de tecnologia podem contribuir para reduzir custos e aumentar a transparência no setor? Há propostas nesse sentido?
Com certeza. A digitalização é um dos caminhos mais promissores para reduzir custos, agilizar fiscalização e combater abusos. Defendo o Documento de Transporte Eletrônico (DTE) como ferramenta para eliminar duplicidades e permitir o rastreio em tempo real. Já apoiamos projetos nesse sentido e vamos cobrar sua plena implementação.
Como o senhor vê a atuação das entidades representativas do setor de carga rodoviário, principalmente, junto a deputados e senadores?
Vejo com bons olhos, mas acredito que ainda falta unidade. Quando a base está dividida, o governo ganha. Precisamos de entidades ativas em Brasília, com articulação técnica e política. Muitos avanços só vieram porque lideranças se uniram a parlamentares comprometidos com a causa, como é o nosso caso.
Na sua opinião, como o DTE (Documento de Transporte Eletrônico) pode contribuir para melhorias no setor de transporte rodoviário de carga?
O DTE pode ser uma revolução silenciosa no transporte. Vai unificar documentos, reduzir o tempo de parada, eliminar papelada e dar transparência nas operações. Mas é preciso garantir que ele não se torne mais um controle estatal, e sim uma ferramenta a favor do caminhoneiro e da transportadora.
Que recado o senhor deixa para os caminhoneiros do Brasil que se sentem esquecidos pelos governos?
Meu recado é simples: vocês não estão sozinhos. Eu vim da estrada, conheço o sacrifício de cada viagem. No Congresso, sou a voz de quem carrega o país nas costas. Continuarei lutando por justiça no frete, diesel mais barato, estradas melhores e dignidade para o caminhoneiro brasileiro. O Brasil precisa de vocês e eu estou com vocês
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