Acordo Mercosul-União Europeia Pressiona o Brasil a Avançar na Logística de Transporte Rodoviário de Cargas - ANATC - Associação Nacional das Empresas de Transporte de Cargas

Acordo Mercosul-União Europeia Pressiona o Brasil a Avançar na Logística de Transporte Rodoviário de Cargas

A iminente assinatura do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia representa um marco histórico para as relações internacionais do bloco sul-americano, e especialmente para o Brasil. Ao abrir novas oportunidades de exportação e reduzir barreiras tarifárias entre dois dos maiores mercados do mundo, o acordo promete impulsionar o comércio bilateral, em especial nos setores agropecuário e industrial. No entanto, para que o Brasil possa aproveitar ao máximo os benefícios dessa integração econômica, será essencial enfrentar um dos seus maiores entraves estruturais: a precariedade da logística de transporte rodoviário de cargas.

Historicamente, o Brasil convive com deficiências crônicas em sua infraestrutura logística, sendo frequentemente classificado entre os países com os maiores gargalos do mundo no setor. Rodovias malconservadas, falta de integração multimodal, excesso de burocracia e altos custos de transporte são apenas alguns dos fatores que dificultam a competitividade dos produtos brasileiros no mercado externo. A situação se agrava quando se observa o papel do modal rodoviário: responsável por cerca de 60% do transporte de cargas no país, ele concentra boa parte dos desafios enfrentados por produtores e exportadores.

Um dos setores mais impactados por essas deficiências é o agronegócio, particularmente a cadeia de exportação de grãos produzidos no Centro-Oeste brasileiro. Estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás são líderes na produção de soja, milho e algodão, mas sofrem com a distância dos portos e com a ineficiência no escoamento da produção. Em períodos de safra, caminhões enfrentam filas intermináveis, estradas deterioradas e falta de infraestrutura nos pontos de transbordo e armazenagem — fatores que encarecem o frete, reduzem margens de lucro e comprometem prazos de entrega.

A Associação Nacional das Empresas de Transporte de Cargas tem exercido um papel estratégico em busca de melhorias nas estradas, nos processos de descarga e no fluxo do trânsito por meio de permanente diálogos com representantes, em níveis municipais, estaduais e Federal, dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, garantindo também redução do Custo Brasil, que reduz a competitividade e eficiência do país.

Com o acordo Mercosul-União Europeia à vista, cresce a pressão para que o Brasil modernize seu sistema de transporte e reduza os custos logísticos. Para tornar o país mais competitivo, será necessário investir em obras de infraestrutura, como a duplicação de rodovias estratégicas, ampliação da capacidade dos corredores de exportação e incentivo à intermodalidade, com maior integração entre rodovias, ferrovias e hidrovias. Além disso, políticas públicas voltadas à digitalização dos processos logísticos, ao incentivo à renovação de frotas e à melhoria da governança logística serão fundamentais.

O momento exige também maior protagonismo da iniciativa privada. Empresas de transporte, operadores logísticos, cooperativas agrícolas e investidores em infraestrutura terão papel determinante na transformação do setor. Iniciativas como parcerias público-privadas (PPPs), concessões rodoviárias e plataformas digitais de gestão de frotas já começam a mostrar resultados positivos em algumas regiões do país.

Em um cenário global cada vez mais competitivo, a eficiência logística não é apenas um diferencial — é uma condição básica para garantir a inserção de qualquer país nas grandes cadeias produtivas internacionais. O acordo com a União Europeia não apenas abre mercados, mas escancara uma janela de oportunidade para o Brasil corrigir distorções históricas e transformar seu sistema de transporte rodoviário de cargas em um motor de desenvolvimento. O desafio está lançado — e o tempo, mais do que nunca, é um fator crítico.

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