Transporte Rodoviário de Cargas no Brasil

Na semana passada, o setor de transporte rodoviário de cargas no Brasil foi impactado por uma série de acontecimentos que refletem tanto os desafios estruturais quanto os sinais de retomada econômica. Um dos principais destaques foi o aumento do preço médio do frete, que, segundo o Índice de Frete da Edenred Repom (IFR), atingiu R$ 7,39 por quilômetro rodado em fevereiro, representando uma alta de 6,03% em relação a janeiro. Essa elevação foi atribuída à atualização da tabela da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), ao aumento da taxa Selic, ao repasse do preço do diesel e ao crescimento da alíquota de ICMS sobre combustíveis. A retomada da demanda industrial e do agronegócio também contribuiu diretamente para essa pressão sobre os custos logísticos.

O Reajuste pela Petrobras

O reajuste do diesel pela Petrobras no início de fevereiro e a elevação do ICMS reforçaram o impacto negativo sobre os transportadores. Esses fatores, somados à alta dos juros, têm provocado um aumento significativo no valor dos fretes, afetando especialmente os pequenos transportadores, que enfrentam mais dificuldades para repassar os custos aos clientes (Fonte: Edenred Repom, Canal Rural).

O Desempenho do Agronegócio

Por outro lado, o setor foi impulsionado pelo bom desempenho do agronegócio. De acordo com dados da plataforma Frete.com, o transporte de cargas desse segmento cresceu 5,3% em 2024, com destaque para o aumento de 25,7% nos fretes de soja e de 5,1% nos fretes de fertilizantes. Apesar da queda de 9,4% no transporte de milho, o volume total de operações na plataforma subiu 6,6%, ultrapassando 11 milhões de transações (Fonte: Frete.com).

Goiás e Mato Grosso

No campo da infraestrutura, a ANTT anunciou importantes avanços, como a abertura de processo para concessão da Eco 101 (trecho da BR-101 entre Bahia e Espírito Santo), cujo edital deve ser publicado no fim de março. Além disso, está prevista para agosto a licitação de outro grande trecho rodoviário, abrangendo a BR-060/364 entre Goiás e Mato Grosso. Essas concessões visam modernizar e ampliar a capacidade das rodovias federais (Fonte: ANTT, Ministério dos Transportes).

Obras da Transnordestina

O Ministério dos Transportes também entregou recentemente a pavimentação da BR-416, em Alagoas, com investimentos de R$ 67 milhões, e anunciou que o processo de licitação das obras da Transnordestina (em Pernambuco) deve ocorrer no segundo semestre de 2025. Em paralelo, a equipe ministerial esteve em Washington, onde apresentou a carteira de projetos rodoviários brasileiros ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e ao BID Invest, em busca de parcerias para acelerar obras estruturantes (Fonte: Ministério dos Transportes, BID).

Rondonópolis e Lucas do Rio Verde

Outro ponto relevante da semana foi o avanço do modal ferroviário. Em 2024, as ferrovias atingiram recorde de transporte de carga geral, somando 150 milhões de toneladas úteis, e um total de 540 milhões de toneladas transportadas. Iniciativas como o Plano Nacional de Ferrovias, novos chamamentos públicos da ANTT e a assinatura de aditivos contratuais visam integrar melhor os modais logísticos e reduzir a dependência do transporte exclusivamente rodoviário. Projetos em andamento em Rondonópolis e Lucas do Rio Verde (MT) já somam mais de R$ 6 bilhões em investimentos nesse setor (Fonte: ANTT, Valec, Portos e Navios).

Geração de Empregos

Atualmente, o transporte rodoviário responde por cerca de 64% da logística nacional. Em 2024, o setor registra um crescimento estimado de 10% sobre o ano anterior, com destaque para a geração de empregos, especialmente no estado de São Paulo, conforme informações do Plano Nacional de Logística (Fonte: PNL 2035, IPEA).