Na semana passada, o setor de transporte rodoviário de cargas no Brasil ganhou destaque com dados que apontam crescimento expressivo e avanços tecnológicos, ao mesmo tempo em que revela antigos problemas ainda sem solução.
O modal, que responde por mais de 60% da movimentação de cargas no país, mantém sua posição de liderança, impulsionado pelo agronegócio e pela expansão do comércio eletrônico.
Segundo levantamento da Fetransul, o volume transportado por rodovias cresceu 4,5% no primeiro semestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior.
A alta foi puxada principalmente pela movimentação de grãos, celulose e alimentos industrializados.
O bom desempenho também se deve ao aumento dos investimentos em infraestrutura: R$ 6,5 bilhões foram aplicados em rodovias no mesmo período, favorecendo o escoamento da produção.
Um dos segmentos que mais cresceu foi o de cargas fracionadas — aquelas que não ocupam um caminhão completo.
Esse tipo de transporte registrou alta de 40% em 2024, impulsionado pela crescente demanda do comércio eletrônico e pelas exigências de entregas mais ágeis e personalizadas.
Apesar dos avanços, o setor enfrenta gargalos significativos. Um estudo recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que a baixa fiscalização favorece uma oferta excessiva de caminhões e uma consequente ociosidade da frota.
O resultado são fretes muitas vezes abaixo do custo operacional, o que compromete a sustentabilidade financeira de transportadoras e caminhoneiros autônomos.
A CNI recomenda uma fiscalização mais rigorosa para corrigir essas distorções e reequilibrar o mercado.
Outro ponto sensível é a segurança. O Estado do Rio de Janeiro ultrapassou São Paulo e lidera o ranking de roubo de cargas no país.
Os dados mais recentes mostram que 60,4% das cargas roubadas são do tipo fracionado, o que exige maior atenção e investimentos em segurança por parte das empresas do setor.
Em meio a esse cenário, a sustentabilidade começa a ganhar protagonismo.
A Scania anunciou a chegada do modelo elétrico 30 G 4×2 ao Brasil, com as primeiras entregas previstas para janeiro de 2026.
A medida representa um passo importante rumo à descarbonização do transporte rodoviário de cargas, embora o alto custo de aquisição e a infraestrutura de recarga ainda sejam barreiras a superar.